#009 Porque você se apaixona pela 'pessoa errada' (parte 1)
Um coquetel molotov criado na infância e cultivado por um cérebro preguiçoso
Oi menina, como você está? Como tem sido a sua semana? A minha tem sido muito intensa com coisas de trabalho e estudo. Quero tanto umas férias. 🫠 Mas enquanto as férias não vêm, deixa eu te contar uma coisa. O babado é forte!
Lembra quando te falei da minha conversa com Deus, para Ele me mandar a pessoa que eu me faria pronta? Pois bem, o que eu vou te contar agora aconteceu mais ou menos na mesma época, uns dias antes, se não estou enganada.
Era de manhã e eu estava em um parque perto de casa passeando com os meus cachorros. Eu estava ouvindo um vídeo no YouTube que falava sobre co-dependência. Eu jogando a bolinha para os cachorros e a mulher falando coisas que bateram certinho com a forma com que fui criada. Fiquei com as orelhas em pé!
Ela falava sobre uma criação em que a criança não tem voz, que tem de fazer só o que os adultos mandam/deixam, que tem de obedecer sem questionar, “engolir o choro”, que não pode demonstrar as emoções que sente (sobretudo raiva/frustração), que apanhava, etc. Ela dizia o quanto uma criação mais violenta, sem abertura de expressão, fazia com que não confiássemos nas nossas próprias emoções e percepções.
Foi como se um vulcão tivesse acordado em mim. Eu voltei para casa como um furacão. Eu não me lembrava quando foi a última vez que senti raiva daquele jeito.
A vantagem de morar sozinha e não ter um parceiro, é que você pode simplesmente bancar a louca, e sair esgoelando pela casa. E foram uns sólidos 10 minutos de gritaria. Eu gritava “como vocês puderam fazer isso comigo? Vocês tinham que cuidar de mim! Eu não pude me defender! Como? Como? Vocês tinham que cuidar de mim!”
Silêncio.
Sentada no sofá, já sem voz, o primeiro pensamento que tive foi “e agora?”. Foi aí que me lembrei de uma frase da Noemi Badialli, minha Mestra de cura energética, dizendo “você pode reclamar dos seus pais até os 25-26 anos, depois disso, as escolhas são suas”. Eu já estava com 42 🌝
Lembrei das conversas que tive com meus pais sobre a infância deles. De como eles eram tratados também com violência, sendo punidos tendo de ajoelhar no grão de milho, apanhando de arame, cinta, o que tivesse ao alcance. Meu pai devia ter uns 18-20 anos no máximo quando ele teve de sair correndo e segurar o meu avô que estava com uma faca no pescoço do meu tio, pois ele foi mal-educado com a minha avó. Naquele momento, eu chorei por eles também. Eles também deveriam ter sido cuidados. Pensando logicamente, eles estavam me dando uma criação muito mais leve do que a que eles receberam. Eles estavam fazendo o melhor possível. 💔💔💔
O cérebro que se reinventa
Depois daquele fatídico dia, comecei a fazer o que eu mais gosto: estudar e experimentar (nerd? Eu? Imagina!). E sabe o que eu descobri? Que a gente aprende a se relacionar com os nossos parceiros, seja consciente ou inconscientemente, espelhando a relação que tivemos com os nossos pais.
É claro que eu não gostei. Nem um pouco. Mas aquilo fez um sentido absurdo. Eu aprendi a ser competitiva, ríspida, impaciente, colocar uma fachada de durona que não precisa de ninguém, que não pede e nem aceita ajuda, que acha que está sempre certa, e por aí vai... 🫠
Faz ainda mais sentido quando a gente conecta esse aprendizado com outra máxima da neurociência:
O que o cérebro mais quer é economizar energia. Você quer ser feliz, não o seu cérebro. Você é que quer fazer ou aprender algo novo, seja dieta, um novo idioma ou outra coisa. Seu cérebro quer que o mundo acabe em ladeira para ele não ter de fazer esforço algum e preservar energia porque ‘vai que alguma coisa acontece e você precisa dessa energia’.
Ou seja, junta os aprendizados que estão mega internalizados, mais os sistemas de defesa que a gente criou para navegar a infância difícil, e mais a preguiça cerebral. O prospecto não parece ser tão positivo assim, certo?
Errado! Graças a Deus! 💃🏻
É aí que entra a neuroplasticidade que se ouve falar tanto hoje em dia. Mas isso eu te conto mais na próxima semana.
E com você?
Que características você vê em você e nos seus pais que atrapalha os seus relacionamentos?
Que mecanismos de defesa você criou para te ajudar na infância e que hoje em dia prejudicam seus relacionamentos?
O que você já percebeu em você, que não gosta e quer parar, mas que ainda não conseguiu dar um fim?
Semana que vem
A gente continua com o papo sobre se apaixonar pela pessoa errada e como parar de ter dedo podre.